Doença Autoimune da Tireoide II

Doença de graves

Sintomas

A doença de Graves é caracterizada clinicamente por hipertireoidismo e bócio, os pacientes geralmente apresentam sinais ou sintomas de hipertireoidismo (palpitações, taquicardia, arritmias, intolerância ao calor, aumento do apetite com perda de peso, diarreia, fraqueza e miopatia proximal, nervosismo e tremor).

Obs.: ocorre um aumento da vascularização da tireoide acompanhado de hiperplasia e hipertrofia do tecido endócrino.

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Imagem disponível em:< http://www.medicodeolhos.com.br/2011/04/hipertireoidismo-proptose-exoftalmia.html > Acesso em 18/02/2013

Patogênese

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Obs.: O IFN-α administrado como um agente antiviral, por exemplo, a pacientes que não conseguem curar a hepatite C, provavelmente tem efeito potente na ativação bystander uma vez que mimetiza o efeito de células dendríticas ativadas.

Obs.: O Campath-1H, um anticorpo monoclonal dirigido para um determinante de células T, foi administrado como um medicamento experimental a pacientes com a doença autoimune esclerose múltipla. Acredita-se que o medicamento gerou potente depleção de células T reguladoras de modo a permitir o aparecimento da autorreatividade.

A doença de Graves é caracterizada por autoanticorpos que estimulam a função glandular resultando em hipertireoidismo. Esses anticorpos são: um fator diferente do TSH e promovem a síntese e liberação dos hormônios tireoidianos, imunoglobulinas da classe IgG (esse fato foi descoberto devido à observação de que lactentes nascidos de mães com altos níveis séricos do anticorpo exibiam um hipertireoidismo transitório como resultado da transferência desses anticorpos pela placenta). Esses autoanticorpos competem com o TSH pela ligação ao receptor de TSH, por isso são atualmente denominados autoanticorpos do receptor de TSH (TRAb).

Como o diabetes tipo 1, a doença de Graves e o hipotireoidismo autoimune estão associados a polimorfismos no gene CTLA-4, é provável que exista entre essas doenças uma base subjacente semelhante; a partir dessa suposição pode-se inferir que a doença de graves possui uma tendência de gerar a autoimunidade das células T contra a tireoide a partir de moléculas de HLA-DR e HLA-DQ específicas e que a doença é facilitada pela função reguladora inadequada na periferia.

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Modelo de doença para o desenvolvimento de tireoidite. A apresentação de autoanticorpos por APCs profissionais inicia o processo, que possui células TH1 e TH2. Quando o processo é estabelecido o próprio tireócito suprarregula moléculas imunes como HLA de classe II e se torna capaz de perpetuar a inflamação apresentando autoantígenos da própria tireoide às células T infiltradas. A lesão do tireócito provavelmente é o resultado dos efeitos combinados de linfócitos TCD4 e TCD8 e autoanticorpos. O processo pode ser acelerado por agentes externos como IFN-α. As células Treg podem ser defeituosas, uma vez que a doença está ligada a polimorfismos do gene CTLA-4, um regulador negativo das células T. Fonte: Imunologia: básica e clínica/ Mark Peakman, Diego Vergani; [tradução Elisianne Nopper… et al.].-Rio de Janeiro: Elsevier 2011.

Diagnóstico

Os achados laboratoriais consistem em elevação dos hormônios tireoidianos – tiroxina (T4) e tri-iodotironina (T3) – com supressão dos níveis do hormônio estimulante da tireoide (TSH).

O autoanticorpos, envolvido na doença, pode ser detectado através de duas técnicas: um ensaio de radioligando, no qual ele compete com o TSH, marcado com isótopo radioativo pela ligação com o receptor; ou em um ensaio biológico que avalia os efeitos estimulantes dos anticorpos em células de tireoide em cultura.

O diagnóstico é ratificado por uma cintilografia que demonstra captação difusa.

Obs.: A cintilografia da tireoide é um procedimento de Medicina Nuclear que consiste na obtenção de imagens da glândula tireóidea após a administração de radiofármacos (pertecnetato-Tc99m, iodo-131 ou iodo-123).Geralmente é realizada em conjunto com o cálculo da captação de I-131 ou I-123, que consiste na medida da porcentagem da dose de iodo radioativo administrada que se acumula na tireoide, em tempos selecionados após a ingestão do radioiodo.

Tratamento

O hipertireoidismo geralmente é controlado farmacologicamente, e a resposta à terapia está associada a um declínio dos autoanticorpos contra o receptor de TSH. Os agentes usados, carbimazol e propiltiouracil, inibem a síntese dos hormônios tireoidianos. Se ocorrer recorrência dos autoanticorpos pode ser necessária à realização de cirurgia ou ablação da tireoide com iodo radioativo.

As DAT (Drogas Antitireoidianas) continuam como tratamento de primeira escolha em pacientes com doença leve, bócios pequenos, crianças e adolescentes, e em situações especiais como na gravidez. Por outro lado, o 131I tem sido cada vez mais utilizado, porque é considerado um tratamento seguro, definitivo e de fácil aplicação. O risco de exacerbação do hipertireoidismo após administração do 131I, os fatores prognósticos de falência e o cálculo da dose administrada têm sido alguns dos aspectos discutidos na literatura recentemente.

Bibliografia

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302001000600014

http://www.cermen.com.br/exame-cintilografia-tireoide.php

http://www.medicodeolhos.com.br/2011/04/hipertireoidismo-proptose-exoftalmia.html

Doença Autoimune da Tireoide I

A doença autoimune da tireoide pode ser classificada em dois tipos: hipotireoidismo autoimune (inclui tireoidite de Hashimoto e hipotireoidismo primário o qual é atrófico) e hipertireoidismo (observado na doença de Graves).

Principal manifestação clínica: Bócio

Bócio

Imagem disponível em: < http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=17841 > Acesso em 18/02/2013

doença autoimune da tireoide

doença autoimune da tireoide

doença autoimune da tireoide

Tireoide de Hashimoto

Nessa doença a glândula tiroide é aumentada (bócio), de consistência firme, e algumas vezes nodular ao exame. Com o tempo os processos desencadeados pela doença resultam em perda de tecido tireoidiano e consequente desenvolvimento de hipotireoidismo.

doença autoimune da tireoide

Patologia

Histologicamente, há evidência de perda de coloide nos folículos tireoidianos, ocasionalmente com alguma fibrose e um infiltrado linfocítico incluído numerosos plasmócitos. Em sua forma mais florida, o infiltrado é organizado, com a formação de folículos linfoides e centros germinais. Entre as células infiltradas, aproximadamente 20% podem ser macrófagos, 30% são linfócitos B ou plasmócitos, e o restante consiste em linfócitos T em uma razão de CD4:CD8 de até 4:1.

doença autoimune da tireoide

Imagem disponível em: < http://www.fisfar.ufc.br/petmedicina/images/stories/parte_2.pdf > Acesso em 10 fev 2013

Fig.1 Folículo linfoide

Patogênese e características imunológicas

Existem dois autoanticorpos principais, os quais são encontrados em todos os tipos de doença autoimune da tireoide. São eles:

•Anticorpos contra a peroxidase tireoidiana (TPO). Essa peroxidase é a enzima envolvida na iodinização da tireoglobulina. A TPO foi identificada na margem apical do tireócito quando ele está em contato com o espaço folicular da tireoide cheio de coloide, e parece que os anticorpos circulantes podem conseguir acesso e se ligar a seu alvo. Portanto, esses anticorpos poderiam matar a célula da tireoide diretamente e também interferir na função catalítica da peroxidase tiroidiana, contribuindo para a ocorrência do hipotireoidismo.

•Anticorpos contra a tireoglobulina (Tg).

Curiosidade: Os autoanticorpos conta Tg foram os primeiros autoanticorpos descritos em uma doença autoimune humana, em 1956; por isso, a doença autoimune da tireoide é vista em alguns aspectos dos a “primeira” doença autoimune.

Exames complementares e diagnóstico diferencial

Os anticorpos antitireoglobulina e antiperoxidase tireoidiana geralmente são detectados por aglutinação de partículas utilizando-se gelatina revestida com tireoglobulina purificada ou por meio de ensaio imunoenzimático (ELISA).

Dislipidemia é um achado frequente e pesquisa de função tireoidiana é obrigatória em pacientes com dislipidemia, pois cerca de 4% dos pacientes dislipidêmicos apresentam Hipotireoidismo.

Outros achados laboratoriais incluem anemia normalmente normocrômica e normocítica, podendo, algumas vezes, ser macrocítica, além de elevações nas enzimas musculares e alterações hidroeletrolíticas (hiponatremia e, ocasionalmente, hipoglicemia). Acidose respiratória é comum na análise gasimétrica arterial.

A avaliação laboratorial da função tireoidiana é a fundamental no diagnóstico. O TSH é o exame de escolha para rastreamento populacional de pacientes com Hipotireoidismo, aparecendo invariavelmente aumentado em pacientes com Hipotireoidismo primário, uma vez que as elevações do TSH ocorrem de forma desproporcional frente a pequenas reduções de T3 e T4. Caso o TSH esteja elevado no rastreamento populacional, deve-se repetir a dosagem de TSH e também ser dosado o T4 livre. O achado de TSH elevado e T4 livre baixo confirma o diagnóstico de Hipotireoidismo primário. Se o TSH alto acompanha-se de T4 livre dentro da normalidade, o paciente apresenta o chamado Hipotireoidismo subclínico.

Existe controvérsia na literatura sobre a necessidade de realizar rastreamento populacional para Hipotireoidismo, com recomendações marcadamente diferentes, como a do US Task-Force que recomenda contra o rastreamento, até a recomendação da American Thyroid Association, que o recomenda a cada 5 anos para todas as mulheres acima de 35 anos de idade. A maior parte das associações recomenda o rastreamento em pacientes acima de 60 anos de idade ou com sintomas sugestivos.

Curiosidade: Um novo dado de pesquisa indicou fortemente que células T autorreativas, que reconhecem TPO, são as responsáveis pelas reações citotóxicas. A outra célula envolvida é o tireócito. Em condições inflamatórias, ele expressa moléculas de HLA, moléculas de adesão e CD40, preparando-o para desempenhar um possível papel importante na doença.

 

Tratamento

Objetivo terapêutico é manter eutireoidismo clínico e bioquímico. A dose inicial de reposição com levotiroxina é de 25 a 75 mcg/dia. Porém, quando o paciente tiver mais de 65 anos ou apresentar coronariopatia, a reposição deve ser iniciada com dose menor, em torno de 12,5 a 25 mcg/dia, sendo aumentada posteriormente em intervalos não menores que uma semana, conforme tolerabilidade.

Nas primeiras semanas de reposição, o TSH não representa um bom marcador de controle da doença, mas, após 8 a 12 semanas de reposição, volta a ser confiável para o controle da doença.

O tratamento do coma mixedematoso baseia-se na reposição de hormônio tireoidiano e no tratamento de complicações associadas. A reposição hormonal adequada ainda é debatida pela literatura, apresentando pontos de controvérsia. A reposição pode ser feita com T4, T3 ou com a combinação de ambos. Outro ponto de discórdia é se a reposição deve ser via intravenosa ou realizada via tubo nasogástrico em caso de impedimento da via oral.

O tratamento do Hipotireoidismo subclínico é controverso, com alguns estudos randomizados demonstrando melhora em testes psicométricos e uma metanálise demonstrando melhora no perfil lipídico. Há ainda o benefício teórico de melhora de função cardíaca. Mesmo assim, não existe consenso sobre quando iniciar o tratamento.

doença autoimune

Bibliografia

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http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1543/hipotireoidismo.htm

Imunologia: básica e clínica/ Mark Peakman, Diego Vergani; [tradução Elisianne Nopper… et al.].-Rio de Janeiro: Elsevier 2011.

Diabetes Mellitus tipo 1 parte II

Sintomas da diabetes na fase inicial

Sintomas

Imagem disponível em:  <

http://www.anutricionista.com/diabetes-mellitus-tipo-1-e-tipo-2-diferencas-e-sintomas.html &gt; Acesso em 15 fev 2013

excesso de urina (poliúria)
O excesso de urina é um dos primeiros sinais e sintomas do diabetes. Quando há uma elevada concentração de glicose no sangue, geralmente acima de 180mg/dl, o corpo precisa arranjar meios de eliminar este excesso; o caminho mais fácil é pelos rins, através da urina. Como não se pode urinar açúcar puro, o rim precisa diluí-lo com água para poder eliminá-lo. Portanto, quanto maior for a glicemia (concentração de glicose no sangue), mais urina o paciente eliminará.

•sede excessiva (polidipsia)
Se o paciente diabético urina em excesso, ele perderá mais água do que era suposto, ficando desidratado. A sede é principal mecanismo de defesa do organismo contra a desidratação.

•cansaço
O cansaço crônico é outro sintoma comum do diabetes e ocorre por dois fatores:

a. Pela desidratação: explicada no tópico anterior.
b. Pela incapacidade das células em receber glicose: a glicose é a principal fonte de energia das células; é o combustível do nosso organismo. Quem promove a entrada de glicose do sangue para dentro das células é a insulina, que no diabetes tipo 1 é inexistente e no diabetes tipo 2 não funciona bem.

• perda de peso
A perda de peso é um sintoma muito comum no diabetes tipo 1. Pode também ocorrer no diabetes tipo 2, mas não é tão frequente.
A insulina também é o hormônio responsável pelo armazenamento de gordura e pela síntese de proteínas no organismo. Como no diabetes tipo 1 há ausência de insulina, o paciente para de armazenar gordura e de produzir massa magra (em geral, tecido muscular). Além disso, como não há glicose para gerar energia, as células acabam tendo que gerá-la a partir da quebra de proteínas e dos estoques de gordura do corpo. Portanto, o corpo sem insulina não gera massa magra nem massa gorda e ainda precisa consumir as reservas existentes.

•fome excessiva
Como as células não conseguem glicose para gerar energia, o corpo interpreta este fato como se o paciente estivesse em jejum. O organismo precisa de energia e o único modo que ele conhece para obtê-la é através da alimentação.
Uma das características do emagrecimento do diabetes é que ele ocorre apesar do paciente alimentar-se com frequência. O problema é que a glicose ingerida não é aproveitada e acaba sendo perdida na urina.
No diabetes tipo 1 inicialmente há aumento da fome, mas em fases mais avançadas o paciente torna-se anoréxico, o que contribui ainda mais para a perda de peso.
Isso ocorre porque em processos inflamatórios, como é o caso da diabetes autoimunes, são produzidas interleucinas, dentre elas IL-6 e a citocina MIC-1 que interferem no centro hipotalâmico inibindo a fome e gerando hipofagia.

• visão embaçada
Um sintoma muito comum da diabetes é a visão turva. O excesso de glicose no sangue causa um inchaço do cristalino, a lente do olho, mudando sua forma e flexibilidade, diminuindo a capacidade de foco, o que torna a visão embaçada. A visão costuma ficar turva quando a glicemia está muito elevada, voltando ao normal após o controle da doença.
Obs.: Esta alteração nos olhos não tem nada a ver com a retinopatia diabética, a complicação oftalmológica que pode surgir após anos de diabetes.

cicatrização deficiente
O excesso de glicose no sangue, quando corre de modo crônico, causa inúmeros distúrbios no funcionamento do organismo. A dificuldade em cicatrizar feridas ocorre por uma diminuição da função das células responsáveis pela reparação dos tecidos, diminuição da proliferação celular e dificuldade em se gerar novos vasos sanguíneos (angiogênese).

• infecções

A diabetes também leva a distúrbios no sistema imunológico, por alterar o funcionamento das células de defesa. O diabético pode ser considerado um paciente imunossuprimido e apresenta maior risco de desenvolver infecções, nomeadamente infecção urinária, infecções de, candidíase e pneumonia.
•cetoacidose diabética
A cetoacidose diabética é uma complicação do diabetes tipo 1, sendo muitas vezes o primeiro sinal da doença. Como há ausência de insulina, as células não recebem glicose e precisam arranjar outra fonte para gerar energia. Desse modo os lipídeos são degradados a ácido graxo e glicerol. Os ácidos graxos sofrem β oxidação e produzem corpos cetônicos. Os sinais e sintomas da cetoacidose são náuseas, vômitos, dor abdominal, confusão mental, prostração e dificuldade respiratória.

Sintomas da diabetes na fase avançada

Doença cardiovascular (infarto, AVC): há uma predisposição de doença cardiovascular principalmente devido à inibição da angiogênese.

Nefropatia diabética: em decorrência da sobrecarga renal para a excreção da glicose em excesso.

 

Neuropatia diabética: lesão dos nervos causada pelos altos níveis de glicose circulante.

A alta taxa de glicemia prejudica as bainhas de mielina, ocasionando atraso ou cessação na comunicação entre os neurônios. A degeneração causada às bainhas de mielina é a causa principal da neuropatia diabética, porém não a única.                                             A neuropatia diabética pode estimular problemas em todo o corpo. As partes mais suscetíveis são os dedos e outras partes do .  A neuropatia diabética acarreta problemas digestivos, cardiovasculares, urinários, sexuais, de visão e vários outros. O que pode ser muito graves e até fatais. É importante saber reconhecer os primeiros sinais e sintomas, e fazer exames regularmente ao primeiro indício de lesão nervosa.

Pé diabético: é considerado uma situação clínica bastante complexa e que pode atingir não só os pés, mas também os tornozelos dos portadores de diabetes, provocando situações como perda da sensibilidade protetora dos pés, úlceras em diferentes estágios evolutivos, deformidades, infecções, amputações e até problemas vasculares periféricos. O Pé Diabético, principal causa de amputação do membro inferior, tem como principais fatores de risco a neuropatia periférica e a limitação da mobilidade das juntas. Assim, pode reunir características clínicas variadas como: alterações da sensibilidade dos pés, presença de feridas complexas, deformidades, alterações da marcha, infecções e amputações, entre outras.

 

Retinopatia: é uma alteração nos vasos sanguíneos devido ao aumento de glicose no sangue.                                                                                                                                         Os capilares retinianos ficam mais espessos, mais frágeis, modificam a forma originando aneurismas e podem mesmo chegar a romper dando lugar a hemorragias e a zonas com isquémia.                                                                                                                         Para então tentar restabelecer a falta de nutrientes e oxigénio aparecem vasos novos, mas com uma estrutura e posição diferente da normal. Estes vasos geram hemorragias na cavidade vítrea e podem mesmo provocar deslocamentos de retina. Esta patologia pode levar a grandes perdas visuais se o seu desenvolvimento não é travado a tempo por técnicas cirúrgicas em que é utilizado o laser.

Retinopatia diabética

Imagem disponível em:  <http://www.idadecerta.com.br/blog/?cat=13&paged=5 &gt; Acesso em 15 fev 2013

Coma: é a situação médica na qual o portador de Diabetes mellitus entra em estado de coma por desequilibrio de sua doença. Pode ser tanto por elevação (Coma Hiperglicêmico) como por diminuição excessiva (Coma Hipoglicêmico) da glicose do sangue.

Cegueira irreversível: gerada, na maioria dos casos, como consequência aguda da retinopatia.

Obs.: Alguns sintomas da fase inicial podem persistir na fase avançada como é o caso da cetose.

Tratamento

No Diabetes Tipo 1 (insulinodependente), as células do pâncreas são incapazes de produzir o hormônio. Se não há insulina circulando pelo corpo em concentrações ideais, a absorção de glicose fica prejudicada. Desse modo as células não são supridas pela glicose e o nível de glicose circulante fica elevado. A solução é injetar insulina subcutânea para que possa ser absorvida pelo sangue. Não há uma forma de administração oral da insulina, pois ela é degradada no estômago em uma forma inativa.

Não há como fazer as células produtoras de insulina no pâncreas retomar sua função endócrina. O transplante de um pâncreas sadio ou de células produtoras de insulina de um pâncreas sadio está em estágio experimental. O tratamento para o portador deste tipo de diabete é uma dieta correta (com baixo teor de carboidratos) e administração de insulina por toda a vida.

Bibliografia

http://www.mdsaude.com/2011/12/sintomas-diabetes.html

Diabetes

http://pt.wikipedia.org/wiki/Neuropatia_diab%C3%A9tica

http://www.einstein.br/hospital/ortopedia-e-reumatologia/noticias/pe-diabetico-o-que-e-quais-os-sintomas-e-como-tratar.aspx

http://pt.wikipedia.org/wiki/Coma_diab%C3%A9tico

http://www.anutricionista.com/diabetes-mellitus-tipo-1-e-tipo-2-diferencas-e-sintomas.html

http://www.idadecerta.com.br/blog/?cat=13&paged=5

Do tag abaixo, consta um vídeo com algumas curiosidades

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Diabetes Mellitus Tipo 1 parte I

Aspectos gerais sobre uma doença endócrina autoimune

  • O que é uma doença endócrina autoimune? Trata-se de uma doença autoimune que afeta glândulas endócrinas, possibilitando uma maior ou menor produção do hormônio secretado. Em geral, observa-se uma maior prevalência de défcit hormonal devido a essas alterações autoimunes (como ocorre no diabetes tipo 1, a qual é um resultado da destruição de células-β e consequente redução da produção de insulina)
  • O que diferencia esse tipo de doença das outras doenças autoimunes? De forma geral, uma diferença fundamental é que as doenças endócrinas autoimunes são de órgãos específicos. Já as outras doenças autoimunes são, geralmente, não específicas a certo órgão, mas apresentam manifestações mais generalizadas. Isso deve-se à especificidade tissular onde ocorre a resposta autoimune no corpo, gerando uma incapacidade de síntese do horônio.

            Obs.:  Tais doenças são mais  prevalentes em mulheres e muitas das desordens acontecem em famílias, apesar de não haver um padrão de hereditariedade simples.

O diabetes se caracteriza por uma hipoglicemia (diminuição da glicose circulante). A forma autoimune da doença, diabetes tipo 1, representa 10-15% dos casos. Nesse caso autoimune, a hiperglicemia resulta de secreção insuficiente de insulina pelas células β nas ilhotas de Langerhans do pâncreas.

Em termos econômicos, o diabetes como um todo consome aproximadamente 8-10% do orçamento de serviços agudos nos países desenvolvidos; isso devido sua contribuição para o ônus da doença arterial, cegueira e insuficiência renal.

O diabetes tipo 1 afeta todos os grupos etários, apresentando um pico próximo à puberdade e com uma incidência na Europa que varia de 5 a 50 dos casos por 100.000 indivíduos por ano, ao longo de um gradiente norte-sul da Finlândia para a Grécia. No Reino Unido e nos EUA, a incidência é de 20 casos por 100.000 por ano e a prevalência é de 1/250. Um fato preocupante é que o diabetes tipo 1 está aumentando em todos os grupos etários, mas especialmente em pessoas muito jovens. Ao contrário de algumas outras doenças autoimunes, a diabetes afeta igualmente os sexos.

Esse tipo de diabetes surge nas mais diferentes constituições genéticas. Cerca de 90% dos casos são esporádicos, enquanto o restante ocorre dentro de famílias que já possuem um membro diabético. Há pelo menos 18 loci genéticos que sabidamente contribuem para a doença, chamados IDD1-18, e, para alguns desses os genes efetivamente envolvidos foram identificados. Estima-se que 50% da susceptibilidade genética seja mapeada para IDD1, que é a região de HLA classe II do cromossomo 6.

Patologia das ilhotas em diabetes tipo 1

As ilhotas de Langerhans são compostas por um centro de aproximadamente 80% de células β (que produzem insulina), circundado por um manto de outros tipos de células endócrinas, que produzem glucagon (células α), somatotrofina (células δ) e polipeptídio pancreático (células PP). Em todo o pâncreas, com a progressão da diabetes tipo 1, as células β desaparecem, enquanto as células α, δ e PP permanecem intocadas. O padrão de ataque às células β sugere uma doença de evolução lenta, na qual as células inflamatórias migram de uma ilhota para outra, com a única missão de destruir as células β visadas.

Fig. 1 Ilhota pancreática

Fig. 1 Ilhota pancreática

Estágios de destruição das ilhotas no diabetes tipo 1:

• A ilhota normal possui em sua composição muitas células β e outas células endócrinas, e nenhuma infiltração de células imunes;

•A insulite (processo no qual ilhotas com células β intactas são circundadas por células T, células B e APCs) está presente no estágio inicial da doença; ocorre perda de algumas células β e infiltração das ilhotas por células B e T e por APCs;

•O estágio final para a ilhota consiste na substituição de células β por tecido fibrótico, restando poucas ou nenhuma célula imune. As células β não permanecem.

Fig. 2 Estágios da destruição das ilhotas no diabetes tipo 1.

Fig. 2 Estágios da destruição das ilhotas no diabetes tipo 1. Fonte: livro imunologia básica e clínica, Peakman e Vergani.

Aspectos clínicos e imunológicos

O diagnóstico da diabetes tipo 1 é feito com base clínica, de acordo com o histórico e exames bioquímicos. Os aspectos de base clínica observados são: perda de peso, polidipsia (muita sede), ingestão de líquidos excessiva e poliúria (excesso de urina). Esses aspectos ocorrem durante várias semanas ou meses.

No que se refere aos achados bioquímicos destaca-se o alto nível da glicose sanguínea (glicose sanguínea em jejum acima de 11,1 mmol/L também é diagnóstico de diabetes). Se houver dúvidas quanto ao diagnóstico, um teste adicional envolve a administração de uma dose de glicose oral (75g) e o diabetes é diagnosticado se o nível de glicose em 2 horas estiver acima de 11,1 mmol/L.

Podem ser necessários teste imunológicos para identificar os autoanticorpos contra as células das ilhotas (IAA, GADA, IA-2ª, dentre outros) para o diagnóstico ou à previsão. Embora a maioria dos casos de diabetes tipo 1 seja diagnosticada clinicamente por causa dos sintomas, às vezes a doença evolui lentamente. Isso ocorre especialmente em adultos que devido à sua idade, supostamente teriam diabetes tipo 2 (a forma associada à obesidade e resistência à insulina, observada tipicamente no grupo etário acima de 35 anos). Contudo, em alguns desses adultos, há uma necessidade gradual de injeções de insulina e, ainda mais importante, autoanticorpos como GAD65 (GADA) são detectados no soro. Por isso essa condição é chamada de Diabetes Autoimune Latente em Adultos (LADA, também chamada diabetes tipo 1/2).

Os autoanticorpos contra as células das ilhotas constituem a característica imunológica que define o diabetes tipo 1. Existem quatro proteínas que constituem os principais alvos autoantigênicos desses autoanticorpos: insulina, ácido glutâmico descarboxilase-65 (GAD65), uma tirosina fosfatase chamada IA-2, e a molécula transportadora de zinco ZnT8. A insulina e a ZnT8 são específicas para as células β. A GAD65 e a IA-2 também podem ser encontradas em outros tipos de células das ilhotas e no sistema nervoso.

Fig. 3 Estudo por imunofluorescência indireta de um corte de pâncreas humano saudável corado com soro de um paciente com diabetes mellitus tipo 1. Livro Imunologia Básica e Clínica, Peakman e Vergani.

Fig. 3 Estudo por imunofluorescência indireta de um corte de pâncreas humano saudável corado com soro de um paciente com diabetes mellitus tipo 1. Livro Imunologia Básica e Clínica, Peakman e Vergani.

Como a célula β morre?

Embora os autoanticorpos das ilhotas sejam altamente indicativos de diabetes, atualmente se acredita que seja extremamente improvável que eles realmente causam a doença; por exemplo, é possível apresentar os autoanticorpos sem a presença da doença, e gestantes com autoanticorpos IgG circulantes contra as ilhotas, os quais atravessam a placenta para a circulação fetal, não dão à luz bebês diabéticos. Com base nas características da insulite, a maioria dos cientistas nesse campo acredita que células TCD4 e TCD8 autorreativas sejam diretamente responsáveis pela morte das células β.

A predominância de linfócitos TCD8 na insulite sustenta a proposta de que provavelmente as células β são lesadas em uma reação citotóxica mediada por essas células T. Contudo, fica claro a partir dos modelos animais do diabetes tipo 1 que tanto células TCD4 quanto TCD8 são necessárias para desencadear a doença. Portanto, parece provável que linfócitos TCD4 que reconhecem autoantígenos das ilhotas, como insulina, GAD65, IA-2 e ZnT8, sejam ativados nos linfonodos locais e ativem as células TCD8 citotóxicas, que reconhecem alvos relacionados nas células β e se deslocam para as ilhotas iniciando o processo destrutivo.

Curiosidade: O “padrão de ouro” para provar que uma célula imune ou anticorpo em particular é responsável por uma doença autoimune consiste em efetuar sua transferência de um indivíduo doente para outro saudável. Obviamente, os cientistas teriam dificuldade para conseguir que um comitê de ética aprovasse um estudo desse tipo. Contudo há ocasiões em que ocorre uma transferência de células imunes e o experimento é realizado inadvertidamente. O melhor exemplo é o transplante de medula óssea (TMO).

Por que a célula β morre?

Muitas influências ambientais e genéticas foram propostas, mas a hipótese viral é a mais considerada pela comunidade científica.

Modelo de doença para o desenvolvimento de diabetes tipo 1

Fig.4 Modelo de doença para o desenvolvimento de diabetes tipo 1.

Fig.4 Modelo de doença para o desenvolvimento de diabetes tipo 1. Fonte: Imunologia básica e clínica, Peakman e Vergani.

Bibliografia

http://dc415.4shared.com/doc/Eqn0NBNw/preview.html

Imunologia: básica e clínica/ Mark Peakman, Diego Vergani; [tradução Elisianne Nopper… et al.].-Rio de Janeiro: Elsevier 2011.

Wegener’s Granulomatosis ou ANCA-associated granulomatous vasculitis: A polêmica por trás do passado de Friedrich Wegener

Friedrich Wegener foi um patologista alemão nascido em 1907 na cidade de Varel, vindo a falecer em 1990. É graças aos seus trabalhos como patologista que a granulomatose de Wegener vem sendo chamada assim desde a década de 1950. Uma polêmica, porém, ameaça mudar o nome da doença devido a um possível envolvimento desse cientista com Crimes Contra a Humanidade cometidos pelo Regime Nazista.

Dr. Friedrich Wegener

A polêmica se instalou em 2000, quando descobertas sobre seu passado foram feitas, culminando com uma campanha para mudar o nome da doença para vasculite granulomatosa associada a ANCAs (Anti-neutrophil cytoplasmic antibodies).

Não há provas de que Wegener tenha colaborado com as atrocidades dos campos de concentração nazistas, porém, existem evidências que comprovam que Wegener era nazista de carteirinha.

Com a instauração do Regime, muitos médicos foram obrigados a se filiarem ao partido para que continuassem exercendo a profissão. Wegener, no entanto, já era ligado ao partido antes mesmo da chegada do Regime ao poder. O cientista foi membro da Sturmabtilung (SA), grupo paramilitar nazista mais conhecido como camisas pardas e que auxiliou a subida de Hitler ao poder. Existem evidências de que Wegener tenha se juntado voluntariamente ao Partido Nazista em 1 de maio de 1933.

Em 1939, Wegener chegou a Lodz para inicialmente servir como um médico patologista militar. A instituição americana National Archives and Records Administration (NARA) sugere que o cientista talvez tenha trabalhado no campo de concentração de Auschwitz.

Corpo de um judeu enviado a Auschwitz

Pesquisas também indicam que o cientista estava na lista de procurados pelas autoridades polonesas e que sua ficha foi passada para a Comissão das Nações Unidas para Crimes de Guerra há muito tempo.

Sabe-se que, de fato, Wegener treinava os médicos que trabalhavam nos campos de concentração na realização de autopsias. Também foi encontrada uma carta onde Wegener demonstra claro interesse no assunto de aeroembolismo ou doença da descompressão, algo pouco conhecido na época e que estava sendo investigado nos experimentos realizados em altas atitudes com cobaias humanas. A participação de Wegener nesses experimentos, contudo, não foi provada.

Martin staemmler

Outro aspecto controverso era a ligação de Wegener com seu mentor Martin Staemmler, patologista e defensor ardenho da eugenia nazista: a política de discriminação racial que pregava a supremacia da raça ariana. Durante o Regime Nazista, Staemmler foi indicado chefe do Departamento de Patologia de Breslau, para onde levou Wegener.

Em conclusão, a ética profissional dúbia do Dr. Friedrich Wegener põe em xeque a manutenção de seu epônimo como forma de homenageá-lo. Não é coincidência que muitos cientistas e instituições passaram a apoiar a mudança de nome da doença diante de revelações tão chocantes do passado do cientista. O que se descobriu do seu passado pode não ser suficiente para incriminá-lo, mas já basta para associá-lo ao regime nazista, do qual com certeza ele era simpatizante.

Bibliografia

Granulomatose de Wegener

A granulomatose de wegener é uma vasculite necrosante incurável que provoca inflamação em vasos sanguíneos de médio e pequeno porte, podendo comprometer o fluxo sanguíneo para diversos órgãos. Atualmente, o tratamento da doença requer uso prolongado de imunosupressores, conseguindo-se prolongar a vida dos pacientes por pelo menos 5 anos em 87% dos casos.

A doença se caracteriza pela tríade:

  1. Granulomas necrosantes agudos das vias aérias superiores e inferiores;
  2. Vasculite granulomatosa que afeta os vasos de pequeno e médio calibre;
  3. Doença Renal na forma de glomerulite necrosante;

Nem todos os pacientes apresentam doença renal, nesse caso há uma granulomatose de wegener limitada.

Patogenia

A causa da doença continua incerta. Possivelmente, como em outras doenças autoimunes, a granulomatose de wegener representa uma forma de hipersensibilidade desencadeada por exposição a um fator infeccioso ou ambiental inalado associada à predisposição genética.

A doença pode ser causada por uma reação autoimune envolvendo um tipo anormal de anticorpo circulante chamado ANCA (antineutrophil cytoplasmic antibodies), ou Anticorpo Anticitoplasma de Neutrófilo, contra o endotélio de vasos de pequeno e médio porte.

Esse tipo anormal de anticorpo circulante possivelmente ativa neutrófilos, estimulando sua aderência ao endotélio de vasos sanguíneos, onde sofrem degranulação, processo celular pelo qual a célula de defesa libera substâncias tóxicas contra um antígeno. Ocorre então uma liberação de radicais livres e enzimas líticas, provocando apoptose das células e necrose do tecido. O neutrófilo ainda libera substâncias que recrutam mais neutrófilos para a região, provocando uma retroalimentação positiva do processo.

Neutrófilos destacados em azul

descrição da imagem

O teste para detecção de ANCA circulante parece ser um bom marcador da atividade da doença: verifica-se a presença de c-ANCA no soro de 90% dos pacientes com doença generalizada ativa.

Manifestações clínicas

A manifestação clínica típica é o acometimento das vias aérias superiores, com sinusite crônica em 90% dos casos. Observam-se também pneumonite persistente com infiltrados nodulares e cavitário bilaterais. Úlceras mucosas na nasofaringe, palato e nariz, obstrução nasal e epistaxe também são frequentes.

manifestações clínicas

Acometimento dos rins ocorre em 70 a 77% dos casos, apresentando hematúria (presença de células vermelhas do sangue na urina), proteinúria (excesso de proteínas na urina) e, em alguns casos, insuficiência renal progressiva.

Outras manifestações possíveis incluem erupções cutâneas, hemorragia conjuntiva e neuropatia periférica.

erupções cutâneas

Diagnóstico

O diagnóstico deve ser feito observando-se as manifestações anatomoclínicas. Outro indicador que pode ajudar no diagnóstico é a presença de c-ANCA sorológico no paciente, visto que esse marcador aparece em 90% doa pacientes com doença generalizada ativa.

Basicamente, Tais critérios são observados no diagnóstico da doença:

  • Inflamação oral ou nasal, desenvolvimento de úlceras;
  • Radiografia do tórax mostrando nódulos, infiltrações ou cavitações;
  • Exame histopatológico mostrando inflamações granulomatosas nas áreas perivasculares ou na parede de vasos;
  • Exame de urina apresentando hematúria ou proteinúria;

Tratamento

O tratamento se dá com uso prolongado de imunosupressores. Antes do tratamento com esteróides o índice de mortalidade antes de 1 ano chegava a mais de 90%. Hoje em dia, sobrevive-se com a doença por pelo menos 5 anos em 87% dos casos.

As principais drogas utilizadas são ciclofosfamida e prednisona. A ciclofosfamida é um imunosupressor usado em várias doenças autoimunes e a prednisona é um corticosteroide imunosupressor que também tem ação anti-inflamatória.

ciclofosfamida

É importante ressaltar que a evolução da doença, quando não tratada, é maligna. 80% dos pacientes não tratados morrem em menos de um ano.

Bibliografia

 

Febre Reumática

A febre reumática é uma doença inflamatória autoimune que ocorre dentro de poucas semanas depois de um episódio de faringite por estreptococos do grupo A. A doença acomete principalmente crianças dos 5 a 15 anos de idade e sua principal complicação é o envolvimento cardíaco, que pode gerar deformidades valvares crônicas.

A incidência e mortalidade da doença decrescem bastante conforme o nível de desenvolvimento social do local, de modo que o número de casos de febre reumática é muito maior nos países subdesenvolvidos, principalmente na África subsaariana, Índia, Sudeste Asiático e Oriente Médio.

mapa FR

A doença se caracteriza pelos seguintes sintomas:

  • Poliartrite migratória das grandes articulações;
  • Cardite;
  • Nódulos Subcutâneos (muito raro);
  • Eritema marginado da pele (10%);
  • Coréia de Sydenham (20-30%);

Patogenia

A doença está intrinsecamente relacionada a uma infecção por estreptococos do grupo A, um tipo de bactéria esférica gram positiva. Fortes evidências apontam para uma reação cruzada como sendo a causa da doença autoimune. A bactéria possuiria moléculas capazes de mimetizar glicoproteínas teciduais do coração e das articulações. A reação cruzada provavelmente ocorre quando anticorpos são produzidos contra essas moléculas bacterianas.

infecção

Apenas alguns pacientes infectados com estreptococos, no entanto, desenvolvem a doença, que aparece de 6 a 10 dias após a infecção. Dessa forma, suspeita-se que também haja uma pré-disposição genética envolvida na patogênese da doença.

Durante a manifestação aguda da febre reumática, são observadas no microscópio lesões inflamatórias denominadas corpúsculos de Aschoff.

Manifestações clínicas

Artrite e Cardite são as manifestações predominantes na doença. A artrite começa com poliartrite migratória: as grandes articulações do corpo começam a ficar doloridas e inchadas durante vários dias, o que é acompanhado por febre.

O comprometimento e inflamação de tecidos cardíacos causam taquicardia e arritmias. Pode haver também dilatação cardíaca e, posteriormente, insuficiência das valvas do coração. Na cardiopatia reumática crônica, a valva mitral quase sempre está deformada.

coração  f reumatica

Além desses sintomas principais, Corea de Syndenham pode ocorrer em 20 a 30% dos casos e quando a febre reumática já se encontra num estado bem avançado. Esse sintoma se caracteriza pela ocorrência de movimentos descoordenados e involuntários principalmente na face, mãos e pés.

 Nódulos subcutâneos são bastante raros na doença e eritemas marginados (geralmente indolores e localizados no tronco) ocorrem em apenas 10% dos casos.

Diagnóstico

O diagnóstico pode ser feito quando dois dos sintomas principais aparecem em conjunto com evidências de infecção por estreptococo do grupo A. Geralmente amostras de culturas da faringe são negativas para estreptococo quando a doença já está instalada, porém, anticorpos contra uma ou mais enzimas da bactéria podem ser encontrados no sangue e são detectáveis com exame sorológico, contribuindo para o diagnóstico.

Tratamento

Tratamento da infecção bacteriana que desencadeou a resposta autoimune é prioridade e, embora não atue diretamente sobre a doença, ajuda a não disseminar esse organismo para outras pessoas. Isso pode ser feito com antibióticos.

Outra prioridade é tratar a inflamação com corticosteroides. Ácido salicílico também pode ser usado para amenizar a febre e devido a suas propriedades analgésicas, amenizando a poliartrite.

Pacientes que desenvolverem insuficiência cardíaca podem ser tratados com beta-bloqueadores (redução dos impactos do estresse), inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECAs) e drogas diuréticas para reduzir os efeitos da hipertensão.

Bibliografia

 

 

Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI)

Também conhecida como púrpura trombocitopênica imunitária. É um transtorno hemorrágico no qual o sistema imunitário destrói as plaquetas que são necessárias na coagulação normal do sangue.

A PTI afeta mais a mulheres do que homens e é mais comum em crianças do que adultos. Nas crianças a doença se apresenta depois de uma infecção viral e em adultos depois de uma doença crônica em longo prazo por uso de certos fármacos, durante a gravidez o transtorno imunitário.

 

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ÍNDICES:

  • Tem uma incidência estimada de 100 casos por um milhão de pessoas ao ano.
  • A PDSA (Associação de apoio para desordens de plaquetas) estima que exista 200.000 pessoas com PTI só nos Estados Unidos.
  • Estudos demonstraram que homens e mulheres têm igual probabilidade de ter a doença, maior ainda a partir dos 60 anos de idade.

TIPOS:

A PTI pode se classificar como primaria o secundaria de outra doença (como do AIDS ou do Lupus), também pode se classificar como aguda ou crônica (seis meses de duração). As crianças são quem apresentam o tipo agudo da PTI, entre os dois e nove anos de idade, sendo em adulto mais comum a crônica.

SINTOMAS:

  • Menstruação anormal e abundante
  • Sangramento na pele e erupções cutâneas
  • Sangramentos mucosos
  • Formação de hematomas
  • Sangramento nasal e bucal.
  • Aumento de peso
  • Dores pelas hemorragias

As hemorragias internas e as hemorragias articulares são raras.

 

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Embora as plaquetas sejam destruídas pelo baço, ele normalmente não se apresenta aumentado (esplenomegalia ausente)

EXAMES:

Estudo na coagulação e quantidade de plaquetas.

  • Hemograma
  • CSC

Exames de coagulação

  • TPT
  • TP

Detecção de anticorpos

Biopsia medular

 

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Biopsia medular para diagnóstico, de Wikimedia-Commons

 

TRATAMENTO:

O tratamento não é necessário em pacientes com PTI leve, e sim para pacientes com cifras de plaquetas por embaixo de 20.000/mm3. O objetivo da terapia é deter as hemorragias e elevar a cifra de plaquetas por acima de 20.000/mm3.

  • Nos adultos se faz o uso de esteróides antiinflamatórios como a prednisona, para controle da reação auto-imune.
  • Cirurgia no baço (esplenectomia)
  • Medicamentos inmunosupresores como  vincristina e vinblastina, usados na continuidade de deficiencia de plaquetas apesar da esplenectomía.
  • Danazol, com êxito limitado em pacientes com PTI, igual que a plasmaféresis.
  • A gammaglobulina intravenosa

O tratamento da PTI com anticorpos monoclonais se encontra em fase experimental. La PTI não se pode prevenir.

Nas crianças a doença pode desaparecer com o tempo.

 

PTI E GRAVIDEZ:

A PTI afeta principalmente mulheres em idade reprodutiva e pode afetar tanto a grávida em quanto o feto. O anticorpo pode atravessar a placenta e danar as plaquetas fetais o que ocasiona trombocitopênica fetal o neonatal.

Muitas vezes a PTI em grávidas é assintomático e é achado mediante um hemograma. Os sintomas dependem do paciente e seu numero de plaquetas e consumo de drogas como a aspirina que afetam elas. O sintoma mais apresentado é o sangramento durante a gravidez e às vezes o diagnostico só se suspeita no momento do parto o cirurgia, onde acontece o sangramento patológico.

O diagnóstico de PTI se faz por exclusão de outras patologias que podem ser parecidas, como as doenças auto-imunes, reações ás drogas as doenças virais.

Os riscos:

– Hemorragia gastrointestinal
– Hemorragia da via urinaria
– Hemorragia intracraniana
– Hemorragia intra-operatória e pós-parto
-Complicações anestésicas (hematoma epidural; hemorragia subaracnóidea)

Os exames:

– contagem de plaquetas bajo 150.000/mm#3
– Estado dos eritrocitos e leucocitos.
– Mielograma
– Nivel da Inmunoglobulina G

O tratamento:

– Terapia esteroidal com prednisona
– Altas doses de imunoglobulina G
– Esplenectomía: durante el embarazo sólo está indicada en casos extremos.
– Transfusão de plaquetas: Excepcionalmente usado em hemorragias graves, cirurgia e o parto.

 A Interrupção da gravidez o do parto é de controvérsia. Ás 38 semanas de gestação se deve investigar o estado das plaquetas fetais e decidir o procedimento. Se o feto tiver menos de 50.000 plaquetas/ mm#3 se deve fazer uma cesárea, se é maior pode se iniciar o trabalho de parto natural.

Vídeo Elucidativo

Bibliografia

http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/spanish/ency/article/000535.htm

http://escuela.med.puc.cl/paginas/departamentos/obstetricia/altoriesgo/PTI.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%BArpura_trombocitop%C3%AAnica_idiop%C3%A1tica

http://escuela.med.puc.cl/paginas/departamentos/obstetricia/altoriesgo/PTI.html

http://geosalud.com/hematologia/purpura.htm

Lúpus Eritematoso Sistêmico II

Aspectos clínicos

Articulações, pele e sangue são afetados em 80-100% dos pacientes; os rins, o sistema nervoso central e o sistema cardiopulmonar são acometidos em mais de 50% dos casos; e a trombose, uma manifestação típica do lúpus associada à presença do anticorpo anticardiolipina, está presente em 10% dos pacientes. As manifestações sistêmicas, incluindo fadiga, mal-estar, febre, anorexia, náusea e perda de peso, estão presentes na grande maioria dos pacientes. No quadro a seguir são detalhadas as manifestações.

LES II a

Obs.: Erupção maculopapular é um tipo de erupção que não é levantada acima da superfície da pele. Ele contém máculas, que é um local descolorado sobre a pele e pápulas que são pequenas, solavancos sólidos que causam a inflamação da pele.

Obs.: os autoanticorpos anticardiolipina (um tipo de anticorpo antifosfolipídico) reagem com porções fosfolipídicas das quais a cardiolipina é uma das principais; estes estão associados à trombose venosa e arterial e ao aborto espontâneo.

Fig. 1 Eritema malar

 

Fig. 1 Eritema malar.

Fig. 2 Aspectos clínicos no LES

 

Fig. 2 Aspectos clínicos no LES

Achados laboratoriais gerais

•Anemia normocítica normocrômica (hemácias com tamanho e cor normal) de desordens crônicas (alteração laboratorial mais frequente);

•Ocasionalmente, anemia hemolítica (é uma anemia gerada devido à lise (quebra) das hemácias) com teste de Coombs positivo;

Teste de Coombs

O teste de Coombs procura por em evidência anticorpos, mais frequentemente autoanticorpos fixados à parede das hemácias e responsáveis por hemólises imunológicas. Esse teste é utilizado em imunologia e em imuno-hematologia. Este se divide em dois: teste direto de Coombs e teste indireto de Coombs.

  • Leucopenia (provavelmente mediada por autoanticorpos), especialmente linfopenia e trombocitopenia são frequentes. Leucopenia é a diminuição da quantidade de leucócitos que são as células de defesa imunológica.  Linfopenia indica baixa quantidade de linfócitos (um tipo de célula imunológica) e trombocitopenia indica a baixa quantidade de plaquetas (fragmentos celulares antigamente conhecidos como trombócitos);
  • A análise da urina pode mostrar hematúria (hemácias na urina) ou proteinúria (proteínas na urina) e cilindros renais. A velocidade de hemossedimentação é elevada.

Cilindros renais

Os cilindros são elementos exclusivamente renais. A formação ocorre no interior da luz do túbulo contorcido distal e ducto coletor. A aparência é influenciada por materiais presentes no filtrado sanguíneo. Servem como proteção imunológica contra infecções.

Autoanticorpos envolvidos no lúpus

Os autoanticorpos envolvidos no lúpus e sua respectiva prevalência são: Antinuclear (95%), Anti-dsDNA (70%), Anti-Sm (30%), Anti-RNP (30%), Anti-SS-A(Ro) (20%), Anti-SS-B(La) (10%), Antifosfolipídicos (30%), Antieritrócitos (50%), Antilinfócitos (50%), Antiplaquetas (›10%), Anticélulas neurais (50%), Fator reumatoide (25%).

Tratamento

O tratamento é orientado pelo tipo de manifestação clínica.

• Para artrite, miosite e serosite leve: medicamentos anti-inflamatórios não esteroides e aspirina;

•Manifestações cutâneas: podem ser tratadas com medicamentos antimaláricos como hidrocloroquina. Deve-se efetuar uma monitoração frequente para a detecção de toxidade na retina;

•Manifestações graves com risco à vida: corticosteroides isolados ou em associação a medicamentos citotóxicos, como ciclofosfamida e azatioprina/micofenolato mofetil. A adição de citotóxicos é considerada útil para controlar a frequência de crises e diminuir a dose de esteroides.

Bibliografia

http://www.marcosbritto.com/2010/08/sinovite.html

http://aindacosa.blogspot.com.br/2012/10/exantema-maculopapular.html

http://www.patologias.net/2010/04/teste-elisa/

http://www.biomedicinapadrao.com/2011/02/cilindros-na-urina-tipo-origem-e.html

Imunologia: básica e clínica/ Mark Peakman, Diego Vergani; [tradução Elisianne Nopper… et al.].-Rio de Janeiro: Elsevier 2011.

Do tag abaixo, constam algumas curiosidades.

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Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) I

Vídeo Introdutório

Em 1851, o médico francês Pierre Lazenave observou pessoas que apresentavam “feridinhas” na pele, como pequenas mordidas de lobo. E em 1895, o médico canadense Sir William Osler caracterizou melhor o envolvimento das várias partes do corpo e adicionou a palavra “sistêmico” à descrição da doença. Lúpus=lobo eritematoso=vermelhidão sistêmico=todo

O LES frequentemente conhecido como lúpus é uma doença autoimune multissistêmica que segue um curso flutuante, com exacerbações e remissões espontâneas. A incidência dessa doença em mulheres é muito alta, nove entre dez pacientes com lúpus são mulheres, das quais 80% em idade fértil.

Patologia e achados laboratoriais imunológicos

A insuficiência renal crônica é uma importante causa de morbidade e mortalidade no LES. Uma biópsia renal pode fornecer informações úteis para o tratamento como: a localização, o tipo do complexo imune, atividade e cronicidade das lesões histológicas.

O indicador soroimunológico do LES é o anticorpo antinuclear (ANA), na ausência desse o diagnóstico da doença é colocado em dúvida, embora 5% dos pacientes com lúpus possam apresentar uma sorologia negativa para o ANA. Ao longo do tempo todos apresentarão ANA em seu soro. Atualmente, o ANA é detectado utilizando-se a técnica de imunofluorescência indireta, na qual o soro diluído do paciente é aplicado a uma preparação tecidual, ou celular, na qual os núcleos estejam proeminentes. Tecidos congelados, especialmente o fígado originado de roedores e linhagens celulares de origem humana, como a linhagem celular HEp2 derivada do tumor de laringe, são usados como substratos para a detecção de ANA.

A especificidade do ANA quanto à doença é relativamente baixa, uma vez que ele é frequentemente encontrado em outras doenças reumáticas, assim como na doença hepática autoimune, durante infecções virais e, ocasionalmente, em baixos títulos, em indivíduos normais, especialmente quando as células HEp2, muito sensíveis, são utilizadas como substrato de detecção.

A especificidade para a doença dos autoanticorpos anti-dsDNA é maior uma vez que estes possuem prevalência de 70% para o lúpus. Esses autoanticorpos podem ser identificados por técnicas como radioimunoensaio (RIA), ensaio imunoenzimático (ELISA) ou colorarão por imunofluorescência de uma organela denominada cinetoplasto no protozoário Crithidia luciliae.

Quanto aos achados laboratoriais destaca-se o fato de que os anticorpos antifosfolipídicos presentes em uma pequena parte dos pacientes com lúpus explicam os resultados falso-positivos de VDRL (Veneral Disease Re search Laboratory; um teste para sífilis).

detecção de anticorpo antinuclear no fígado

Fig. 1 detecção de anticorpo antinuclear no fígado (a), rim(b), estômago de rato (c) e células HEp-2 (d). O soro do paciente é aplicado a cada um dos cortes desses tecidos congelados que possuem antígeno apropriado.

 

Fig.2 Visualização esquemática a nível molecular do que ocorre no exame de detecção de anticorpo antinuclear.

 

 

Fig.2 Visualização esquemática a nível molecular do que ocorre no exame de detecção de anticorpo antinuclear.

Patogênese

Há interação entre fatores ambientais e genes de susceptibilidade para produzir uma resposta imune hiperativa e autoagressiva: os principais agentes de lesão tissular são os autoanticorpos e os complexos imunes.

Fatores ambientais: fármacos que podem causar manifestações que mimetizam o lúpus (procainamida, hidralazina, quinidina, minociclina, clorpromazina, isoniazida, practolol, metildopa, entre outros) e luz ultravioleta (três quartos dos pacientes com lúpus são fotossensíveis).

Fatores genéticos:

I) Presença de alguns alelos de HLA de classe II- DRB1*0301em caucasianos e DRB1*1501 em orientais-supostamente atuam em nível de reconhecimento de um “peptídeo do lúpus” por linfócitos T auxiliares;

II) Mais relevante do que a presença dos alelos de HLA de classe II citados é a presença do alelo C4AQ0 de HLA de classe III. Este é um alelo silencioso que codifica a produção de quantidade 0 (Q0) do isótopo A da molécula de C4, que pertence à via clássica do sistema de complemento. Esse alelo faz parte de um haplótipo de HLA extenso de predisposição ao lúpus. Os níveis normais de C4 funcional são essenciais para manter os complexos imunes em solução e impedir sua deposição nos tecidos. Não é surpreendente, então, que a existência de um gene não codificador de C4A predisponha a uma doença de complexos imunes como o LES. Curiosamente, as manifestações clínicas bem definidas do lúpus, como dermatite ou a presença de autoanticorpos, como o anticorpo anticardiolipina também tendem a estar associados a alelos de HLA; no entanto, esses são alelos diferentes daqueles que realmente predispõem ao LES, implicando heterogeneidade da doença.

III) O papel de um vírus é frequentemente sugerido, mas nunca realmente demonstrado. Essa hipótese é elucidada porque os autoanticorpos encontrados no lúpus são produzidos por linfócitos B que sofreram rearranjos gênicos e mutações somáticas típicos de uma resposta desencadeada por antígenos. Uma desregulação generalizada dos linfócitos B também parece estar envolvida, levando à produção de uma grande quantidade de autoanticorpos.

Bibliografia

http://www.youtube.com/watch?v=Xbtcn6iy020

http://lupus.no.sapo.pt/

Imunologia: básica e clínica/ Mark Peakman, Diego Vergani; [tradução Elisianne Nopper… et al.].-Rio de Janeiro: Elsevier 2011.